A regulação do exercício das responsabilidades parentais (RERP), é cada vez mais, um tema em discussão. Com a elevada taxa de divórcios existente atualmente, os casais confundem a separação conjugal da separação parental e é neste ponto que surgem os maiores conflitos e confusões de papéis, muitas vezes os casais acabam por utilizar a separação parental como um prolongamento da separação conjugal. No entanto a separação parental não é possível, porque ninguém pode deixar de ser pai ou mãe, esse é um vínculo indissociável.

Quando um casal com filhos se separa, nem sempre tem em conta os direitos e os interesses das crianças e acabam por entrar numa guerra onde quem mais sofre, são curiosamente, quem os pais dizem que querem proteger – os filhos.

Numa tentativa, muitas das vezes egoísta, os progenitores acabam por tratar as crianças como objetos, não tendo qualquer respeito pela sua individualidade, apesar de serem menores, os pais têm que ter consciência que aqueles seres têm necessidades, vontades, desejos e direitos e que não vale tudo só para atingir o outro, aliás não vale nada para atingir o outro, a única coisa realmente importante é assegurar o bem-estar daquela criança.

As crianças não podem ser tratadas como máquinas, não se pode pedir a uma criança que está a brincar, “agora vais para o sofá, sentas-te direito e vais falar ao telefone, sem distrações” ou “essas brincadeiras tens na outra casa, aqui em casa não se brinca assim”, ou ainda “essa roupa não é desta casa, aqui em casa tens outra roupa, essa voltas a vestir quando fores embora”, os exemplos podem ser inúmeros e todos eles constituem uma violência gigante para aquela criança.

É urgente, que todos entendam que a guarda partilhada não tem que ser uma regra, que a guarda entregue em exclusivo à mãe também não tem que ser uma regra, nestes casos a regra é, não existirem regras, é saber ouvir a criança, perceber que cada caso é único e que deve ser estudado como tal, que se devem perceber as dinâmicas familiares, o envolvimento com a família restrita, mas também com a família alargada, avós, tios, primos, padrinhos. Os laços familiares são importantes para um crescimento saudável, e o convívio com ambos os progenitores é preditor de um ajustamento saudável da criança à nova condição familiar em que se encontra, mas não é preciso que os pais contem os minutos e os segundos em que cada um está com o filho; isto não é saudável.

Mais importante que o tempo que os pais passam com os filhos, é o que fazem com ele, a relação afetiva desenvolve-se pelas ações, pelos comportamentos, pelas demonstrações de afeto e não porque o tempo se divide exatamente da mesma forma entre ambos os progenitores, o tempo deve ser divido tendo em conta as necessidades e o bem-estar das crianças.

É preciso respeitar os filhos, saber ouvi-los e protegê-los de uma guerra que não passa de egoísmo dos pais, na tentativa de ferir o outro.