A parentalidade é uma tarefa a tempo inteiro e as agendas dos adultos e das crianças são cada vez mais exigentes. Atualmente, vemos crianças com horários quase tão preenchidos como os adultos. No entanto, por vezes, as exigências profissionais não se compadecem da exaustão física e emocional e continuam a existir objetivos e prazos para cumprir todos os dias. A velocidade está impressa nas nossas vidas e responsabilidades adicionais (como a realização de todas as tarefas inerentes à manutenção da casa), e pode retirar tempo para a família, o que faz aumentar a pressão sobre os pais.
Assistimos, atualmente, a muitas famílias com dificuldade em gerir o tempo para a família e, sobretudo, o tempo disponível para dedicar aos filhos, o que pode potenciar o aparecimento de problemas emocionais e tornar a relação familiar mais desafiante.
Quando surge um desequilíbrio entre as exigências que se colocam ao exercício do papel parental e os «recursos» que coexistem para lidar com elas, podemos falar de stress parental. Quando este é prolongado, pode levar a uma parentalidade disfuncional com consequências negativas para o desenvolvimento das crianças.
Esta forma de stress pode apresentar níveis de severidade que se estendem ao longo de um continuum que integra o burnout parental — condição de saúde mental caracterizada por distanciamento emocional e perda de prazer em estar com os filhos, exaustão e sensação de ineficácia em relação aos papéis parentais, resultante do acúmulo de tarefas. Este pode culminar, no limite, num quadro depressivo. O conceito de burnout parental surgiu nos anos 1980, mas só recentemente começou a ter mais destaque em virtude da pandemia e do teletrabalho (com a circunscrição à habitação).
Alguns dos sintomas podem incluir alternações do padrão do sono, no apetite, alterações de humor frequentes, irritabilidade fácil, distanciamento emocional, frustração constante no papel de pai/mãe, dificuldade na gestão das emoções, menor produtividade e maior cansaço físico e emocional.
Os fatores de risco que contribuem para elevados níveis de stress parental são múltiplos e resultam das características dos pais, dos filhos, do funcionamento familiar e do meio ambiente, podendo variar em frequência, duração e intensidade.
Seja a amigos ou a familiares, pedir ajuda é fundamental para uma melhor gestão e apoio na rotina diária. Recorrer à ajuda de um profissional de saúde como um psicólogo(a) pode ser igualmente essencial para ajudar a ultrapassar as dificuldades sentidas e a recuperar a saúde emocional.