Aos 18 anos deixei o Alentejo e fui estudar Psicologia para Lisboa. Nem sempre soube que queria ser psicóloga. Quando me decidi, a única coisa que sabia era que os psicólogos “ajudavam os outros”.
Largos anos decorridos desde esse dia, continuo a sentir que no âmago é isso, mas descobri também, que é muito mais.
O psicólogo é uma presença regular e consistente na vida do paciente, em que a empatia tem presença obrigatória, este acompanha e apoia o paciente durante todo o processo, ou seja, durante esta relação que começa no primeiro contacto e se desenvolve no tempo. Ao longo do tempo, constrói-se um lugar relacional de acolhimento, aceitação, escuta, não julgamento, onde as angústias são acolhidas e têm um nome.
É esta relação que nos transforma, que nos permite olhar para os nossos lados mais nublosos e desconhecidos, que nos faz ter mais consciência de nós e dos outros, que nos permite ver o mundo de uma forma mais clara. O estabelecimento desta relação autêntica não deixará de ter um paralelo nas relações com os outros, tornando-as mais fluídas e com menos nós cegos.